"Uma Fazenda em África" de João Pedro Marques
"O tambor cessou de rufar e um sargento leu o acórdão da sentença. Depois virou-se para a condenada e perguntou-lhe se queria dizer alguma coisa. A preta abanou a cabeça, negativamente. (...) Foi nessa altura que o carrasco lhe tirou bruscamente o banco de baixo dos pés e ela ficou suspensa no ar, com a cabeça puxada para cima e para trás, contorcendo o corpo e agitando as pernas numa dança aflitiva. (...) Então Peter saltou bruscamente para a frente com a agilidade de um leopardo e subiu ao cadasfalso. Os dois soldados que montavam guarda à escada ficaram demasiado surpreendidos para reagir e o carrasco recuou, assustado. Em três ou quatro segundos o alemão estava junto de Kpengla e, abraçando-a pela cintura, deu-lhe um forte esticão para baixo. Ouviu-se o estalo da coluna a partir e, após um breve estertor final, a preta ficou imóvel." (página 360)
Para mim esta é um dos melhores momentos do livro. É o segundo livro que leio deste autor, mas gostei muito mais de "Os dias da Febre". Este segundo livro prendeu-me menos, levei mais tempo a lê-lo pois não me conectei com o enredo. Gostei muito da personagem feminina mas as personagens masculinas foram um pouco pobres.
São dois romances históricos da mesma época que retratam sítios diferentes do mundo, as diferentes formas de viver e as diferentes culturas.
Em suma, gosto do autor, gostei dos dois livros mas o segundo foi murcho. "Os Dias da Febre" é cativante e prende ao enredo, "Uma Fazenda em África" cativa até à última página mas o final deixa a desejar mais livro e melhor enredo. Vale a pena ler para perceber o início da população portuguesa em África e as dificuldades dos colonos em perceber a cultura dos nativos.
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